terça-feira, 26 de março de 2013

  Alguns dias atrás, todas as senhoras pareciam-me ter uma característica familiar. Todas lembravam  minha avó.
  Estava no hospital quando uma adorável senhorinha começou a contar-me sobre seus netos, a faculdade, a comida que gostavam e toda sua preparação para recebê-los nas férias. 
  Sai do hospital,  desci pela Rua Dom Pedro I e deparei-me com outra que usava uma blusa rosa e com broche brilhante, mais uma semelhança. Continuei, passando pelo hotel Vergani avistei uma com sua bolsinha preta de dinheiro e suas unhas largas com esmalte vermelho queimado. Neste momento, peguei a única caneta que havia na  bolsa e na falta de papel comecei a anotar na mão as semelhanças que encontrava.
  Já na Rua José Calafiori, atravessando a ponte, tinha outra de olhos verdes, com pintinhas nas mãos e de vestido azul. Mais uma anotação.
  Na Bernadino de Campos, outra saia da padaria, esta tinha os cabelos ralos, loiros e segurava firmemente a mão daquela que parecia ser a sua neta. Mais uma anotação.
  Segui. Na frente do posto de gasolina, do outro lado da rua, vejo uma senhorinha sentada na varanda, como a minha vó fazia todas as tardes. Mais uma anotação.
  Cheguei em casa com a mão toda azul e a partir daí sentei para escrever este texto.
  Agora que escrevi todas as características encontradas, percebo que nem eram tão parecidas assim. Eu que não identificava a saudade e ela deu um jeito de manifestar-se.