Estava no hospital quando uma
adorável senhorinha começou a contar-me sobre seus netos, a faculdade, a comida
que gostavam e toda sua preparação para recebê-los nas férias.
Sai do hospital, desci pela Rua
Dom Pedro I e deparei-me com outra que usava uma blusa rosa e com broche
brilhante, mais uma semelhança. Continuei, passando pelo hotel Vergani avistei
uma com sua bolsinha preta de dinheiro e suas unhas largas com esmalte vermelho
queimado. Neste momento, peguei a única caneta que havia na bolsa e na falta de papel comecei a anotar na
mão as semelhanças que encontrava.
Já na Rua José Calafiori,
atravessando a ponte, tinha outra de olhos verdes, com pintinhas nas mãos e de
vestido azul. Mais uma anotação.
Na Bernadino de Campos, outra
saia da padaria, esta tinha os cabelos ralos, loiros e segurava firmemente a
mão daquela que parecia ser a sua neta. Mais uma anotação.
Segui. Na frente do posto de
gasolina, do outro lado da rua, vejo uma senhorinha sentada na varanda, como a
minha vó fazia todas as tardes. Mais uma anotação.
Cheguei em casa com a mão toda
azul e a partir daí sentei para escrever este texto.
Agora que escrevi todas as
características encontradas, percebo que nem eram tão parecidas assim. Eu que
não identificava a saudade e ela deu um jeito de manifestar-se.