terça-feira, 26 de março de 2013

  Alguns dias atrás, todas as senhoras pareciam-me ter uma característica familiar. Todas lembravam  minha avó.
  Estava no hospital quando uma adorável senhorinha começou a contar-me sobre seus netos, a faculdade, a comida que gostavam e toda sua preparação para recebê-los nas férias. 
  Sai do hospital,  desci pela Rua Dom Pedro I e deparei-me com outra que usava uma blusa rosa e com broche brilhante, mais uma semelhança. Continuei, passando pelo hotel Vergani avistei uma com sua bolsinha preta de dinheiro e suas unhas largas com esmalte vermelho queimado. Neste momento, peguei a única caneta que havia na  bolsa e na falta de papel comecei a anotar na mão as semelhanças que encontrava.
  Já na Rua José Calafiori, atravessando a ponte, tinha outra de olhos verdes, com pintinhas nas mãos e de vestido azul. Mais uma anotação.
  Na Bernadino de Campos, outra saia da padaria, esta tinha os cabelos ralos, loiros e segurava firmemente a mão daquela que parecia ser a sua neta. Mais uma anotação.
  Segui. Na frente do posto de gasolina, do outro lado da rua, vejo uma senhorinha sentada na varanda, como a minha vó fazia todas as tardes. Mais uma anotação.
  Cheguei em casa com a mão toda azul e a partir daí sentei para escrever este texto.
  Agora que escrevi todas as características encontradas, percebo que nem eram tão parecidas assim. Eu que não identificava a saudade e ela deu um jeito de manifestar-se.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Simplicidade


 Todo sábado, às 19h, no mesmo banco, no mesmo lugar, independentemente de chuviscos ou trovões, você encontrará o tio Gentil na igreja matriz de Nova Europa, ritual seguido por aproximadamente 20 anos. E no final de cada celebração aguarda na mesma porta de saída os familiares e conhecidos, com os bolsos da calça carregados, para distribuir chicletes plets de canela e balas toffee que até perderam sua identidade tornando-se simplesmente os doces do tio Gentil.
 Gentil é realmente gentil. Criado no sítio trouxe a solidariedade e preocupação com o próximo, tão presentes na vida do campo para a cidade. Observava sempre sua mãe, a vó Solinha, atravessar a pinguela e levar um pouco do pão, carne ou bolo para os vizinhos, que moravam do outro lado do rio. Com sua mudança para a cidade, não se intimidou diante dos novos costumes. Afinal, moramos tão perto das pessoas, mas muitas vezes somos mais distantes, mal sabemos o nome de nossos vizinhos. Para aproximar-se e ao mesmo tempo distrair-se fez uma pequena horta em volta de sua casa, onde passa horas. Não é a toa que suas verduras possuem a fama de serem ótimas. Não vende, leva para os vizinhos, uma simples demonstração de delicadeza.
 Personagens únicos do nosso dia a dia que levam uma vida tranquila, e que ali, no anonimato, quase sem ninguém notar, com pequenas atitudes deixam nossos dias mais alegres. E demonstram que o pouco, o simples, até mesmo a rotina podem fazer- nos muito felizes.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Defeitos

  Dizem que reconhecer nossos defeitos é o primeiro passo para superá-los. Decidi confiar nisso e confesso: EU PERCO TUDO.
  Aí vai minha lista de coisas que foram parar nos famosos achados e perdidos:
- caneta de valor sentimental dada pela minha avó;
- brinco de ouro branco da minha mãe;
- brinco de ouro dado pela minha tia;
- receita médica da minha avó;
- lençol da avó da Marielen quando o pai dela era criança (sente o drama, felizmente depois achei);
- chave da minha casa;
- a caixinha inteira de elástico do meu irmão (perdia um, perdia outro, perdi tudo);
- incontáveis laçinhos de cabelo;
- fui viajar, arrumei a mala para voltar, cheguei à minha casa e tinha esquecido a calça jeans;
- brinco, pulseira, lápis, borracha, caneta, tarraxinha de brinco então, acho que desaparece;
- Essa eu não perdi, mas esqueci, fui viajar e simplesmente não coloquei a mala no carro. Fiquei três dias vestindo roupas emprestadas.
  E a mais recente foi minha carteira de identidade, perdi em meio a provas de vestibulares. Como podem perceber, aquilo que ainda me resta, tenho porque minha mãe esconde de mim.
Obs: simples indignação comigo mesma.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lei de talião

  3 de janeiro de 2013, século XXI e a Lei de talião que diz: “Olho por olho, dente por dente" pasmem, ainda está presente.  Diante de uma ofensa, temos que responder a altura, como dizem, ficarmos "kits”.
  No entanto, numa discussão agressiva muitas vezes não identifico o certo. A ordem das ofensas, quem começou, não altera o resultado que é a falta de educação de ambos.
  Ficar em silêncio enquanto o outro está nervoso, falando besteira, não é conformar-se com o que é falado. É simplesmente mostrar sua inteligência emocional, prezar pela sua integridade. Quem precisa ficar no bate-boca é porque necessita da aprovação do outro, provar para este quem realmente ele é. Provar para quê?
  Quando a pessoa não está aberta ao diálogo, discutir é inútil.  Claro que devemos expor não impor nossa opinião, porém expô-la em um momento de estresse é em vão. O interlocutor não ouvirá e muito menos entenderá. Esta deve ser muito bem pensada e só depois dita para que nossas palavras não soem como ofensa, mas uma crítica construtiva, necessária a todo ser humano.
  Podemos até explodir algumas vezes, entretanto devemos reconhecer o nosso erro.
 Todos os anos convivemos com pessoas que adoram incentivar-nos a seguir a tal lei.Espero que em 2013 não consigam convencer-nos, contudo nós vamos convencê-los a deixar para trás esta lei tão antiga que tem indícios de 1780 a.C.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

"Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída"
                                 Trecho da música: Aos meus heróis
                                                                          Julinho Marassi e Gutemberg